O saco cama que me demorou uma eternidade a comprar em
Portugal, é um forno! O quarto estava um
gelo e eu estava a assar! Dormi com ele aberto … mas dormi! A alvorada é às
6h30 para refazer a mala. Pequeno almoço às 7h e saída às 7h30. Ao pequeno
almoço umas torradinhas com manteiga de yak e uma omelete – ovos, galinha e
lentilhas são as únicas fontes de proteínas aqui.
Hoje temos umas 6h de caminhada. O caminho inicial não é
difícil e faz-se bem com algumas paragens para fotos e alguma palhaçada. O
grupo entretanto cresceu com dois amigos dos australianos … também
australianos.
O caminho começa a endurecer e é incrível ver os porters a carregar um sem numero de
coisas. Desde cerveja, a carne, a ovos, a mochilas, eles carregam tudo sem se
queixarem. A maior parte carrega entre 50kg e 80kg, mas o Mila diz-nos que
alguns levam até 125kg às costas … de chinelos!
Durante o caminho passamos por inúmeros yaks manipulados
(não me lembro do nome deles) - são um
cruzamento entre yaks e vacas. Importante sobre estes yaks é que eles têm
sempre a prioridade. SEMPRE! E temos sempre de cruzar com eles no lado interior
da montanha. Há uma quantidade de histórias de pessoas mandadas encosta abaixo
por yaks. Outra coisa importante é nunca lhes tocar. Eles viram a cabeça de
repente e ficamos furados!
Almoçamos às 11h. Arrisco nuns noodles com vegetais. Mais
valia ter ficado quieto. Impossível comer uma sopa que pica só de a cheirar!
Ataco as barras de cereais. Partimos às 12h para aquele que vai ser a parte
extenuante do dia. São 3h sempre a subir … e quando digo a subir é mesmo a subir.
Imaginem 3h a subir uma estrada de terra batida, calhaus e degraus naturais com
15 graus de inclinação. DURO!
Fomos parando pelo caminho, mas foi mesmo agreste. Vamos a
menos de 2km/h, o pó está por todo o lado e de vez em quando há umas rabanadas
de vento lixadas. Estamos todos a bufar … bebi pelo menos uns 2 litros de água
em duas horas.
A 1h de Namche chegámos a pérola do dia. Um viewpoint que nos proporciona a primeira
vista no nosso “grande” amigo! Apesar de não parecer muito impressionante, o
Mila diz-nos que estamos a vê-lo a mais de 50km de distância … em linha recta.
A última hora de caminhada foi das coisas mais difíceis que
já fiz. Lembrei-me de quando estava com o Freitas na praia da parede a ser
puxada para as rochas num dia pouco adequado para nós! Nesse dia tive de remar
constantemente uns 20 minutos. Hoje andei uma hora com o coração na boca. Eu e
toda a gente! Finalmente Namche (3440m de altitude). Chegamos às 13h40, uma
hora antes do previsto. O lodge
felizmente fica na base de Namche.
Estamos no “The Nest at Namche” e o quarto é porreiro. Fico
umas horinhas a contar as histórias dos últimos dois dias enquanto o Kan e o
Mila vão para as compras. O Cy tá todo arrebentado do estomago – o gaijo é
basicamente um health freak (a quantidade de frutos secos, gels de energia e
barras que carrega é impressionante) e a mudança de alimentação está a lixa-lo.
A altitude começa a sentir-se. Tá tudo cansado e temos de
forçar a respiração. O Mila avisa que hoje ninguém pode dormir á tarde (para
dormir á noite) e nada de álcool. Cervejas só na descida, enquanto subimos
nada!
Jantei frango com batatas fritas (tava necessitado) que
surpreendentemente não estavam spicy. Houve até direito a nova tentativa nas
tartes de maça. Ainda não foi desta … mas isto está a melhorar!
oh Miguel, o Everest é SEMPRE impressionante :)
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