29 de março de 2012

Cap II - (2) Pakhding - Namche


O saco cama que me demorou uma eternidade a comprar em Portugal,  é um forno! O quarto estava um gelo e eu estava a assar! Dormi com ele aberto … mas dormi! A alvorada é às 6h30 para refazer a mala. Pequeno almoço às 7h e saída às 7h30. Ao pequeno almoço umas torradinhas com manteiga de yak e uma omelete – ovos, galinha e lentilhas são as únicas fontes de proteínas aqui. 

Hoje temos umas 6h de caminhada. O caminho inicial não é difícil e faz-se bem com algumas paragens para fotos e alguma palhaçada. O grupo entretanto cresceu com dois amigos dos australianos … também australianos. 





O caminho começa a endurecer e é incrível ver os porters a carregar um sem numero de coisas. Desde cerveja, a carne, a ovos, a mochilas, eles carregam tudo sem se queixarem. A maior parte carrega entre 50kg e 80kg, mas o Mila diz-nos que alguns levam até 125kg às costas … de chinelos!


Durante o caminho passamos por inúmeros yaks manipulados (não me lembro do nome deles)  - são um cruzamento entre yaks e vacas. Importante sobre estes yaks é que eles têm sempre a prioridade. SEMPRE! E temos sempre de cruzar com eles no lado interior da montanha. Há uma quantidade de histórias de pessoas mandadas encosta abaixo por yaks. Outra coisa importante é nunca lhes tocar. Eles viram a cabeça de repente e ficamos furados!


Almoçamos às 11h. Arrisco nuns noodles com vegetais. Mais valia ter ficado quieto. Impossível comer uma sopa que pica só de a cheirar! Ataco as barras de cereais. Partimos às 12h para aquele que vai ser a parte extenuante do dia. São 3h sempre a subir … e quando digo a subir é mesmo a subir. Imaginem 3h a subir uma estrada de terra batida, calhaus e degraus naturais com 15 graus de inclinação. DURO!


Fomos parando pelo caminho, mas foi mesmo agreste. Vamos a menos de 2km/h, o pó está por todo o lado e de vez em quando há umas rabanadas de vento lixadas. Estamos todos a bufar … bebi pelo menos uns 2 litros de água em duas horas.



A 1h de Namche chegámos a pérola do dia. Um viewpoint que nos proporciona a primeira vista no nosso “grande” amigo! Apesar de não parecer muito impressionante, o Mila diz-nos que estamos a vê-lo a mais de 50km de distância … em linha recta.



A última hora de caminhada foi das coisas mais difíceis que já fiz. Lembrei-me de quando estava com o Freitas na praia da parede a ser puxada para as rochas num dia pouco adequado para nós! Nesse dia tive de remar constantemente uns 20 minutos. Hoje andei uma hora com o coração na boca. Eu e toda a gente! Finalmente Namche (3440m de altitude). Chegamos às 13h40, uma hora antes do previsto. O lodge felizmente fica na base de Namche. 


Estamos no “The Nest at Namche” e o quarto é porreiro. Fico umas horinhas a contar as histórias dos últimos dois dias enquanto o Kan e o Mila vão para as compras. O Cy tá todo arrebentado do estomago – o gaijo é basicamente um health freak (a quantidade de frutos secos, gels de energia e barras que carrega é impressionante) e a mudança de alimentação está a lixa-lo.

A altitude começa a sentir-se. Tá tudo cansado e temos de forçar a respiração. O Mila avisa que hoje ninguém pode dormir á tarde (para dormir á noite) e nada de álcool. Cervejas só na descida, enquanto subimos nada!

Jantei frango com batatas fritas (tava necessitado) que surpreendentemente não estavam spicy. Houve até direito a nova tentativa nas tartes de maça. Ainda não foi desta … mas isto está a melhorar!


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